domingo, 16 de novembro de 2008

LIBERDADE

A LEI DE CRISTO

Quando Yeshua andava sobre esta terra, não fazia questão de ter um grande número de discípulos. Não ajustava seu discurso ao público, para agradar mais, nem fazia acordo com ninguém. Ser bem visto, ele considera um luxo totalmente dispensável. Em certa ocasião, quando um grande número de discípulos deixou-o, por estranhar seu discurso, ele questionou aqueles que ficaram, se não queriam deixa-lo também.
Um movimento religioso, erigido sobre a doutrina de um homem assim, teria de ser, como foi no princípio, extremamente livre e libertador. Vinha quem queria, ficava quem queria. A doutrina da congregação dos crentes em Yeshua, como o Messias esperado, não foi feita para ser norma institucional, muito menos norma nacional. Sendo um desenvolvimento tardio do antigo judaísmo (e portanto, um irmão dos judaísmos atuais), a doutrina dos apóstolos de Cristo tinha como referência de norma legal nacional a lei de Moisés, e nenhuma outra. A doutrina do Messias nunca foi uma norma que quisesse ou mesmo pudesse concorrer com o Ensino de Moisés. É uma doutrina de aplicação essencialmente pessoal, foi moldada de forma a ser aplicável a uma infinidade de pessoas, situações e lugares.
Ambas são aspectos do culto ao Criador. O ensino de Moisés, primariamente, era também uma norma legal nacional, tanto nos aspectos sociais quanto nos religiosos, mas perdeu, esta vertente normativa, por causa da progressiva diminuição da independência dos israelitas. Então sobressaíram (e também desenvolveram-se) os seus aspectos comunitário, familiar, ético, espiritual e profético, que originalmente, já eram muito mais fortes do que parecia indicar uma leitura ligeira.
Mas sucedeu com a doutrina cristã o contrário do que ocorreu com a de Moisés. A doutrina do Messias era uma compreensão espiritual e profética mais profunda da doutrina mosaica, junto com as conseqüências éticas que lhe seguiam, e que eram aplicáveis tanto a judeus como a não judeus. Mas ao rejeitar os judeus, os gentios, que supostamente estavam seguindo a doutrina dos apóstolos do Messias, perderam a referência do que era aquela doutrina, e passaram a ver mais importância nos seus fracos aspectos institucionais (feitos para congregações, originalmente fracamente institucionalizadas e ligadas entre si por forças mais espirituais que humanas), do que nos seus extensos e fortíssimos aspectos de relações pessoais e espirituais. Não tendo uma base real para esta forte institucionalização, miraram-se cada vez mais na doutrina administrativa romana. Quando de sua transformação em religião estatal, o cristianismo já havia sofrido extensas mutações internas, que obliteravam ainda mais a percepção de suas origens. Transformaram um doutrina da liberdade do coração em um instrumento de estados opressores.
O caminho de recuperação da liberdade dos cristãos é o caminho da desinstitucionalização. É o oposto exato do que propõem os partidários do movimento “uma igreja com propósito”. E é a cópia exata do que ocorre em países onde há perseguição religiosa, como a China. A desinstitucionalização pela qual passou a Igreja chinesa é um bem, provocado por um mal. Mas não é necessário haver fortíssima perseguição religiosa para que ela ocorra. Entreguemos as nossas vidas ao Espírito Santo pois, como dizem as Sagradas Escrituras, onde está o Espírito do Eterno, aí há liberdade. A união espiritual é a verdadeira união cristã. Prego para mim mesmo, pois se eu vivesse isto, estaria ajudando outros cristãos a serem livres. “Sai dela, povo meu”, clama o profeta. Quero também sair da Babilônia, da rede de prender homens, da “sociedade civil organizada”. Se eu chegar a abandonar o mal que há dentro de mim, então poderei ser livre e ajudar a libertar outros. Meu corpo estará na Babilônia, mas meu espírito será livre do maligno, da carne e do mundo.

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