terça-feira, 4 de março de 2008

O Bode Emssário

A Instrução dada a Moisés por Deus em Levítico 16 estabelecia um dia no ano para purificação do Templo e expiação pelos pecados do sumo-sacerdote e da nação de Israel. Era o único dia em que o sumo-sacerdote entrava no Santo dos Santos, trazendo o sangue dos sacrifícios. Tendo efetuado o ritual de espiação, ele então imporia as mãos sobre um bode vivo, ao mesmo tempo confessando os pecados do povo; dessa forma, a culpa seria transferida para o bode, que então seria levado ao deserto e deixado lá.
Há um princípio em jogo nessa prática, o qual foi estabelecido por ocasião da Queda do Homem. Quando Adão e Eva pecarem sob a influência da Serpente, animais foram mortos por Deus (na 2. Pessoa pré-encarnada - assunto para outro texto), a fim de fornecer uma cobertura simbólica para o pecado de ambos: a roupa para esconder a "nudez". Deus estava ali demonstrando que a remissão exigia o derramamento de sangue inocente, prenunciando o sacrifício da Semente da mulher. Mas para a Serpente, isto é, para Satanás que a possuía, não houve nenhuma provisão; pelo contrário, a maldição foi lançada sobre ele sem direito a recorrer.
Todo o pecado se origina em Satanás e seus demônios, seja por causa do pecado original induzido por ele, seja por causa das suas constantes tentações. Uma vez estando o povo quite com YHWH (Deus) por meio do sacrifício sangrento, seus pecados são então lançados na conta do Inimigo, com a correspondente maldição. Por isso o bode vivo (emissário) é levado para o deserto, símbolo da morada dos demônios (conforme atestado por inúmeras passagens bíblicas, inclusive a que relata como Jesus foi tentado). Assim também YHWH primeiro tratou com Adão e Eva, para só depois se dirigir à Serpente.
Da mesma forma, Yeshua (Jesus), que é representado pelo bode expiatório, morto pelos pecados do povo, também é representado pelo bode emissário. A prova de que os bodes são intercambiáveis se mostra no fato de que é pelo Urim e Tumim que são definidos qual vai ser morto e qual vai para o deserto. Depois de ter derramado Sua vida pelo povo, Yeshua desceu ao Hades (Ef. 4:9) para pôr fim às acusações de Satanás contra os redimidos e declará-lo culpado e condenado pelos pecados cometidos por aqueles sob sua (do diabo, digo) influência. Como se diz? "O tiro saiu pela culatra"...
Por isso o apóstolo Paulo diz que Yeshua despojou os principados e potestades, triunfando deles pela cruz (Col. 2:15). Sua obra vindicatória ao mesmo tempo nos justificou e amaldiçoou nosso Inimigo. Aleluia!

Um comentário:

Blogildo disse...

Por sinal, todos os sacrifícios da lei mosaica apontam para o sacrifício maior de Cristo. Mas é bom lembrar que o sacrifício de Cristo seguiu o mesmo padrão do sacríficio sacerdotal feito no templo de Jerusalém. O sacerdote oferecia o valor do sacrifício diante do altar do Santo dos Santos.

Abraço!