domingo, 30 de março de 2008

OBSESSÃO

PODER DE CONVENCIMENTO

Felizmente não tenho de trabalhar como vendedor. É sério, eu morreria de fome, não sei como irai ame virar, não conseguiria vender lenha para um esquimó, nem água para alguém que estivesse morrendo de sede; não disponho de nenhuma das capacidades de um vendedor, e muito particularmente da capacidade de convencimento. O contador aí ao lado mostra meu insucesso em tentar vender minhas idéias, minha falta de capacidade inata. Ou talvez não... pode ser simplesmente que seja uma capacidade que ainda está oculta em mim. Quer dizer, bem ocultas mesmo, ninguém consegue perceber.

Em muitas ocasiões (durante grande parte da nossa história) a falta da capacidade de convencimento foi um desastre. Em tempos antigos, ir embora da terra onde se vivia era muito penoso. As pessoas deveriam descobrir como enfrentar o problema e convencer a maioria (ou aquele que tivesse mais poder) da melhor solução. Muitas Cassandras choraram o desastre anunciado, que poucos percebiam. O homem bem sucedido tinham de ser um ser político, e não saber fazer política era um defeito grave.

Num mundo amplo como o nosso, isso é um defeito menor. Freqüentemente, basta virar as costas e ir embora; inclusive quanto à vida profissional, pois se não conseguirmos tirar a empresa ou departamento da rota do desastre (ou o que nos parece um desastre), sempre podemos (com mais ou menos dificuldade) pular fora e arranjar outro serviço. Ou mesmo que a decisão tomada pela chefia não seja a mais adequada, deveríamos parar para nos perguntar “isso vai afetar tanto assim a minha vida?”, e freqüentemente a resposta é não. Nesse caso, convencer os outros não é essencial, e podemos deixar as coisas como estão, tipo “cada um com sua idéia, e todo mundo de bem”. Por algum motivo, em geral as mulheres tem mais dificuldade em perceber isso ... Pode ser o simples impulso ancestral de “vencer uma discussão”. Pode ser o reflexo de outras questões, bem mais internas ... mas creio que todo mundo conhece aquela pessoa que faz do convencimento de alguém a respeito de alguma coisa, o ponto focal de sua vida. Geralmente não se muda realmente a opinião das pessoas e principalmente, não se muda sua personalidade e visão de mundo. Elas mudam a sí mesmas, conforme sintam que devem, no seu tempo, à sua forma, no seu ritmo, e no sentido que decidirem. Ou podem não mudar nunca, e é bom que tenham esse poder.

É claro, pode-se fazer engenharia social, mudar parâmetros sociais e culturais que afetarão o pensamento de muitas pessoas, como fazem os regimes e grupos de viés totalitário. E pode-se, com técnicas psicológicas eficazes, moldar a personalidade de uma pessoa muito jovem ou em situação de vulnerabilidade. Já ví isso de perto, e é uma experiência assustadora. Mas estou falando de relacionamentos reais e não de manipuladores profissionais. E é no campo dos relacionamentos sinceros e verdadeiros que vejo muita gente sendo infeliz sem motivo. Gente que teria motivos para ser feliz, mas está presa a uma obsessão, falando o tempo todo para si mesma “ se meu marido (ou minha mulher) ao menos entendesse que...”. Via de regra é bobagem, todo mundo em volta percebe isso, menos os envolvidos no relacionamento. E como é uma missão impossível (dentro de um relacionamento verdadeiro), é um problema sem solução, uma ferida que não cicatrizará. É possível que a vida de uma pessoa se torne um tormento, se apenas ela se propuser uma missão impossível.



OUTRAS MISSÕES IMPOSSÍVEIS

Na política, pode ser do interesse de poder de algum grupo, movimento, ou governante, manter aberto um conflito sem solução. Para isto, deve-se convencer algum grupo a adotar objetivos inalcançáveis ou inaceitáveis pelo outro lado. É simples assim. É um exercício simples de engenharia social tomar uma parte “oprimida”, criar um movimento de “libertação” (ou aproveitar algum já existente, e definir seus objetivos de forma a garantir a continuidade do conflito. No caso da Irlanda do Norte, aproveitou-se um movimento já existente. Mas seus objetivos originais (a unidade de um país que teve unidade histórica por séculos) compreensíveis, foram redefinidos de tal forma que, após algum tempo, propunha-se a transferência de toda população descendente de ingleses e escoceses, simplesmente a maior parte da população da Irlanda do Norte, e cujos antepassados estavam no país a alguns séculos. Os objetivos absurdos não foram a causa da queda da credibilidade do movimento, mas sim seus métodos cada vez mais mafiosos, que levaram seus apoiadores a desistir, fazendo cessar o terrorismo. Esta é uma lição importante. Nunca o terrorismo acabará sem que seus agentes se tornem fracos ou sejam destruidos.

O movimento separatista basco é pior ainda. A imensa maioria dos bascos não aprova seus métodos, e grande parte dos bascos nem mesmo se interessa pelo separatismo. Sem representatividade, vive da extorsão de empresários e da ajuda de outros grupos e estados terroristas. Ultimamente tem recebido intenso apoio do tirano Hugo Chavez. Visto que busca um objetivo (separação do país basco do estado espanhol) que nem mesmo é desejado por muitos bascos, é em princípio um movimento que não pode atingir seus objetivos. A quem interessa que exista um movimento assim?

As Farc também tem um objetivo: a destruição do estado democrático da Colômbia e a implantação de uma ditadura socialista. Visto que é um objetivo rejeitado pela imensa maioria dos colombianos, e visto que pelos seus métodos e apoio internacional é uma guerrilha difícil de ser destruída, chega-se a uma situação de impasse. Novamente, são interesses estrangeiros (do governo Venezuela e .... do brasileiro!) que sustentam essa ação criminosa contra o regime democrático colombiano.

O caso dos palestinos é um capítulo à parte. Durante mais de cem anos, árabes de Damasco e do Cairo, donos das terras inóspitas e pouco habitadas da Terra Santa, venderam por bom preço, terras inférteis aos judeus europeus, que vinham se juntar aos judeus que já viviam lá (uma porcentagem considerável da população original). Com a recuperação das terras, a atividade econômica cresceu grandemente. Mesmo com a vinda de um grande número de imigrantes árabes, atraídos pelo crescimento econômico, os judeus continuaram uma porcentagem grande da população, e quando da saída do império a ONU estabeleceu que cerca da metade dos territórios seria dos judeus. Imediatamente após a fundação do estado israelense, os países árabes deram instruções à população árabe de Israel, para que saísse do páis, de forma que seus exércitos pudessem dizimar a população judaica. Como sabemos, ao contrário do esperado, cinco países árabes tiveram seus exércitos vencidos, e as fronteiras de Israel se expandiram um pouco, logo após a fundação de seu estado, numa guerra defensiva. Os territórios “palestinos”, que mais tarde seriam ocupados pelos israelenses ficaram então em poder de egípcios e jordanianos. Durante anos, as populações árabes locais não tiveram o menor interesse em estabelecer um país. E até hoje não estabelecem nada parecido com um país, mesmo quando os israelenses se retiram unilateralmente.

A OLP foi criada no exílio, por um egípcio (Arafat), sobrinho de um nazista. Nasceu com apoio das serviços secretos dos países da Europa oriental (em particular da antiga, e infame, Alemanha Oriental e da Romênia, do “saudoso” Ceausescu). Foi criada com um objetivo falso: Criar um novo país chamado “palestina”. Novo, por seu um país que nunca existiu, na verdade apenas um nome dado por provocação pelos romanos a regiões que abrangiam diversos países. Nunca se referiu a um povo específico (a não ser que algum historiador maluco imaginasse que os atuais habitantes da Terra Santa sejam descendentes dos antigos filisteus, grupo de cinco cidades estados entre o Egito e a Terra Santa). A OLP foi pensada desde o início para manter o conflito aberto, nunca para resolve-lo, isso não seria do interesse de seus financiadores. Como disse certo oficial do exército egípcio “lutaremos até o último palestino”.

Mas então, surgiu um fato novo: O Egito buscou a paz com Israel, que aceitou devolver o Sinai (que ganhara numa guerra defensiva, e portanto não tinha obrigação nenhuma, diante das convenções internacionais, de devolver). A situação exigia uma mudança de tática: Estar sempre disposto a entrar em negociações e fazer tudo para melar qualquer chance delas darem certo, esse era o novo caminho, que tem sido seguido pelos “lideres palestinos” até hoje. Na época, “negociadores palestinos” puderam contar com a estupidez do pior presidente americano que já houve, o impagável Jimmy Carter.

De qualquer forma, a população árabe da Terra Santa, os chamados palestinos, continuam até hoje a atrelar qualquer possibilidade de vida normal e felicidade, ao objetivo estúpido de “jogarem todos os judeus no mar”. Obsessões criam, artificialmente, as infelicidades...

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