domingo, 31 de maio de 2009

CONHECE AO SENHOR – PARTE 2

“Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seus coração está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.” Palavras de Yeshua, no Evangelho segundo Mateus, capítulo 15, versos 8 e 9.

“E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.” Palavras de Yeshua, no Evangelho segundo Mateus, capítulo 13, versos 14 e 15.

“Digo pais: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas ´pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude! Porque convosco falo, gentios, que enquanto for apóstolo dos gentios, glorificarei o meu ministério; para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da milha carne [israelitas] e salvar alguns deles. Porque se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? E, se as primícias são santas, também a massa o é: se a rais é santa, também os ramos o são. E, se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da siva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não é tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás pois: os ramos foram quebrados para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé; então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que te não poupe a ti também.” Carta do apóstolo Paulo aos romanos, capítulo 11, versos 11 a 21.


TRAGÉDIA

A guerra fraticida entre duas religiões irmãs, o judaísmo pós-exílico e o cristianismo, ambas descendentes do judaísmo semi-nacional do primeiro século, inicia-se antes que as duas estejam totalmente formadas. Muitos rabinos odeiam o Messiah, Yeshua, que eles tem como apenas mais um seguidor da escola de Hilel. Inventam mentiras contra ele, interpretam mal suas palavras, colocam tropeços diante dele, e finalmente entregam-no aos romanos, que o matam. Quando os discípulos de Yeshua anunciam sua ressurreição, isto lhes parece a pior das afrontas. A ressurreição de Yeshua provaria que suas palavras eram verdadeiras, que ele era realmente o Messiah. Isto faria deles os assassinos daquele que era esperado por muitos séculos, pelo seu próprio povo. Assim, eles se juntam aos gregos e romanos na perseguição aos seguidores de Yeshua.

Já os seguidores gentios de Yeshua, pelo fim do primeiro século ou início do segundo, começam a desviar-se do seu ensino de amor e passam a aprender dos gregos o ódio contra os judeus. São pessoas de origem pagã, muitas vezes influenciados por seitas gnósticas que chegam a adentrar fortemente na igreja. O desprezo dos gnósticos pelos judeus e pela matéria impregna-se nestes 'cristãos'. Foi relativamente fácil torcer as palavras de advertência aos judeus por parte de Yeshua e dos emissários (apóstolos) para faze-las significar, em vez de advertência de amor, ódio, em vez de confirmação da Palavra profética, sua negação ou distorção, em vez de confirmação do Ensino de Moisés, seu desprezo. A igreja gentílica vira-se contra a própria raiz hebraica do cristianismo. Em meio à luta doutrinária, formas mais alucinadas da negação das raízes hebraicas, como o marcionismo, são deixadas de lado (pelo menos na aparência), mas o espírito daquilo que veio a chamar-se cristianismo, torna-se pesadamente anti-judeu. Os próprios nomes que escrevemos na Bíblia, “antigo testamento” e “novo testamento” são de origem marcionita.

Então acontece a catástrofe. Tendo já domado o espírito do 'cristianismo', as forças gnósticas (lembremos que esta era a religião oculta dos poderosos do império) dão o golpe final, tornando este 'cristianismo' desfigurado, em religião oficial. Milhões de pagãos tonam-se repentinamente “cristãos”, no que os entusiastas do evangelismo a qualquer preço de hoje poderiam considerar o mais importante movimento de “evangelização” da história (e esta história está começando a repetir-se). O imperador Constantino, sem jamais ter abdicado de seus cargos oficiais dentro do mitraísmo, torna-se também co-governante da igreja. Os antigos bispos cristãos (inclusive os de Roma) dos quais muitos sofreram e morreram para não arredar pé do que criam, não teriam aprovado acordo tão esdrúxulo. O bispo de Roma, fortalecido por sua ligação com o imperador, torna-se poderosíssimo e riquíssimo. A Europa torna-se 'cristã', mas como os próprios católicos viriam a compreender depois, Cristo (o Messiah) jamais entra dentro do seu espírito.

Mas quantos, tendo entrado na igreja por vias tortas, não vieram, conhecendo depois o evangelho do Messiah, a encontrar salvação? Se crermos que o Eterno é maior que o mal e que, portanto, não precisa dele, todos que encontraram salvação assim, teriam sido salvos de outra forma. Não sejamos como os ímpios que dizem, “façamos males para que o bem prevaleça”. Quando a Bíblia diz que o Eterno transforma o mal em bem, não quer dizer que Ele seja dependente do mal, mas que sua bondade, sabedoria e previdência são tão grandes que, antecipando-se ao mal, traça, a partir da situação particular que o homem enfrentará, um escape pelo qual este chegará ao Bem.


RESULTADOS PREVISTOS

Na Carta aos Romanos, capítulo 11, Saul (Paulo) adverte os crentes gentios para não se ensoberbecerem contra os judeus, pois se assim agissem não seriam poupados, mas cairiam da mesma forma que os ramos naturais. Vamos tentar entender o que Paulo disse: Ele fala de ramos naturais (judeus) que foram “cortados”. E interessante notar que tais pessoas, isto é aqueles ministros que mataram o Messiah, não foram cortados no sentido de terem sido excluídos do judaísmo, mas continuaram fazendo parte da comunidade de Israel. Não era uma tragédia visível. Como Joab, eles continuaram exercendo seus cargos, mas estavam longe da presença do Eterno. A pior coisa de esconder de si mesmo os próprios pecados, é que tal estratégia pode ter sucesso. A sensação horrível de estar excluído da presença do Eterno, e uma não consciente expectação do castigo, que não podem ser resolvidos pelo arrependimento ('mudança de mente', isto é ver o Bem e o mal da perspectiva divina), pois seus crimes reais estão escondidos de sua consciência. A Bíblia declara “o que encobre suas transgressões jamais prosperará, mais aquele que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. Mas os seres humanos, por regra, tentam esconder seus crimes da sua própria consciência, e o pior castigo que podem sofrer é obter sucesso nessa empreitada fatídica. Uma alma nessa situação tem reações estranhas. Pode atribuir-se crimes fictícios, ou atribuir crimes fictícios aos outros, ou ver a si mesmo como um “impecável”, ou adorar alguém (ou a sí mesmo) como um deus. Tal estado tem o poder de distorcer o senso de realidade, e mentiras óbvias, que noutra situação seriam percebidas, são inexplicavelmente engolidas. Tal pessoa é uma presa fácil para todo tipo de enganador “pasto para as feras do campo”. Sua sede pelo espiritual acaba sendo “saciada”, mas não pelo Eterno.

Eu pouco sei a respeito do fim que tiveram aqueles ministros que rejeitaram o Messiah, mas eu conheço um pouco melhor uma outra história que muitos dos leitores também conhecem. A advertência de Paulo, como o leitor bem sabe, não foi de forma nenhuma acatada, na maior parte da história da Igreja. Ensoberbecer-se contra judeus é o que cristãos usualmente tem feito por quase dois milênios. Paulo fala que tais pessoas deveriam temer ao Eterno, caso contrário, também seriam cortadas. E, como a história confirma foi exatamente o que aconteceu. Também não foram cortados, em geral, no sentido explicito, mas acabaram tornando-se uma grande massa de joio, em meio a pouco trigo. De perversão em perversão, crime em crime, paganismo em paganismo, o 'cristianismo' decaiu tanto, até que alguns papas, entre o fim da idade média e o início da moderna chegaram a ser considerados, por cardeais, arcebispos e escritores católicos como verdadeiros “anti-cristos”.

Agora, como todos podem ver, olhando ao redor, as advertências do Messiah aos fariseus, nos capítulos 13 e 15 do Evangelho segundo Mateus, são claramente aplicáveis à Igreja gentílica quase inteira, seja nas suas vertentes romana, oriental ou protestante. A única esperança da Igreja é que o Eterno conforme sua profecia, separe o joio do trigo.

Continuarei depois esta série de artigos.

Nenhum comentário: