sábado, 22 de março de 2008

MALHANDO JUDAS

MARXISMO INTERNO



“Foi pois Jesus seis dias antes da Páscoa a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera e a quem ressuscitara dos mortos. Fizeram-lhe pois ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.

Então Maria, tomando um arretel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento.

Então um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?

Ora ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e, tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava.

Disse pois Jesus: Deixai-a; para o dia da minha seupltura guardou isto; porque os pobres sempre os tendes convosco; mas a mim nem sempre me tendes.”

Evangelho segundo S. João



Uma característica marcante do marxismo é o seu propalado desprezo pelo estudo de qualquer assunto apenas pelo prazer de encontrar a verdade, sem ter em vista a aplicação prática imediata. Não sei como um marxista entende a atração pela matemática pura, o prazer de estudar um assunto por estudar, a fascinação que a astronomia sempre exerceu sobre o homem, muito além de qualquer aplicação prática reconhecível, o imenso prazer que nos causa uma história de mistério.

Porém, incoerentemente, o próprio marxismo surgiu, não de uma práxis, mas como estrutura teórica. Pior ainda, pelas mãos de um “pequeno-burguês”, que de acordo com sua própria tese não poderia enxergar a luta de classes, muito menos tomar partido das “classes oprimidas”, pois era parte de uma “classe” que deveria refletir a “ideologia” das “classes dominantes”. Quando finalmente ocorreu a “revolução do proletariado”, não foi nos países industrializados, como era previsto, nem mesmo foi realmente do proletariado. Pelo contrário os revolucionários eram pequenos burgueses, com apoio maciço de capitais da grande burguesia e intensa colaboração do que poderia ser chamada de “classes falantes” (professores, escritores, cineastas, autores de teatro, atores, jornalistas), que teoricamente são porta-vozes da “ideologia burguesa”. Bom, mas a revolução não poderia acontecer de outro modo mesmo, visto que , como Marx já sabia, quando estava escrevendo “O Capital”, o suposto motivo da revolução, o empobrecimento crescente das “classes trabalhadoras” era uma mentira. Ele conscientemente fraudou os dados em que se baseava para “prever” uma revolução cujos “motivos” não existiriam.

Feita a revolução na Rússia, hordas de “intelectuais” (aqueles que supostamente representam a “ideologia burguesa”), trabalharam por décadas, por dinheiro, chantagem ou paixão, para obstruir o conhecimento das desgraças, genocídios, fomes e injustiças que lá ocorriam. Também obstruíam a percepção do extremo protagonismo da URSS em todas as partes do mundo, por trás de guerras, revoluções, “movimentos sociais”, disputas por territórios, “exércitos de libertação”, etc. Quando chegou a vez da China, uma intensa desinformação do seu próprio serviço secreto fez os governantes americanos desprezarem seus amigos e colocarem a esperança em seus inimigos. Mais tarde, os americanos perderiam por pressão da própria imprensa, uma guerra que já tinham ganho (a guerra do Vietnam, onde as tropas vieticongs perderam metade de seus efetivos na fracassada ofensiva do Tet, ficando totalmente à merce dos americanos).

No campo cultural, o mais importante, todas as mistificações marxistas sobre a história tornaram-se ensino padrão, da escola elementar à universidade. Hitler, aliado rebelado de Stalin, é chamado até hoje de “extremista de direita”. As esquerdas ordenam as palavras que podem ser ditas e as que não podem. Aliados dos mais sanguinários regimes que já existiram, a URSS e a China, são considerados, pela “imprensa burguesa” (nas redações onde um não socialista teria de entrar pisando em ovos) como as pessoas mais verdadeiras, justas e sábias. Não concordar com o socialismo é considerado um pecado. Toda “causa” abraçada pelas esquerdas recebe intenso financiamento internacional. É interessante que esse viés ultra-socialista das classes falantes era fortíssimo mesmo antes de Gramsci.

Na descrição econômica vigente, a pobreza crescente da África, cujos governos foram influenciadas profundamente pelo socialismo, deve-se ao capitalismo. Mas o aumento imenso da prosperidade na Ásia, em cada país que foi adotando o capitalismo, não deve-se ao capitalismo. Talvez tenha sido causado por extraterrestres...

A se crer na história oficial, em TODAS as dezenas de países socialistas que fracassaram e cometeram os mais terríveis crimes, não se pode achar nenhuma explicação mais genérica, mas apenas o resultado de circunstâncias fortuitas (muito estranho justo os marxistas pensarem isso). A se crer na história oficial, todos os intelectuais e toda classe dominante nos países marxistas sempre creram de pés juntos que o resultado do domínio dos regimes marxistas no mundo todo será a sua extinção como classe. Segundo essa visão, todos marxistas que já existiram sempre creram (até mesmo as poderosas e 'boas-vidas cúpulas' da KGB e do PC chinês) que o aumento total do poder do estado, a ponto de ninguém saber nada ou pensar nada que o estado não queira, resultará em liberdade total de todos e extinção do estado. Assim, as poderosas cúpulas dos PCs, formando uma aristocracia cujo poder e regalias passam de pai para filho, e cujas lutas por mais poder e regalias tem sido homéricas, estariam conscientemente trabalhando para sua própria extinção. Também segundo a história oficial, o intenso financiamento dos movimentos esquerdistas e a defesa de grupos terroristas respectivamente pelas grandes fundações capitalistas e pelos magnatas da imprensa são atos de insanidade ou burrice apenas.

Bom, a história contada assim, parece um samba do crioulo doido. Não existe chance de encontrarmos alguma explicação coerente dessa forma. Vamos tentar uma abordagem diferente:

O marxismo, assim como eram as antigas religiões pagãs, tem dois níveis, um exotérico (aberto) e outro esotérico (para seus sacerdotes). Aquilo que foi publicado de Marx refere-se ao nível aberto, para o público em geral. Não é o que ele cria, nem o que ele pretendia. É o que ele pretendia que as pessoas cressem. As classes dominantes dos países socialistas não estão nem aí para uma suposta extinção, pois sabem que nunca ninguém realmente inteligente acreditou no “fim da história” ou na extinção do governo. Os grupos intermediários das hierarquias socialistas vêem o comportamento dos seus superiores e deduzem, em silêncio, que esse papo de “fim de todo governo” é uma estória para boi dormir. Pessoas com QI mediano ou acima, e que não estejam fanatizadas, nunca levaram isso a sério. A “fase final” do comunismo sempre foi uma mentira para justificar todo e qualquer crime que os regimes marxistas possam cometer. A suposta extrema bondade, de um fim ao qual nunca se poderia chegar pelos meios propostos, fazem de toda ação criminosa de seus militantes um ato de justiça. É só para isso que serve esse mito, e certamente Marx tinha inteligência suficiente para saber o que estava fazendo. Neste ponto, chama a atenção uma diferença fundamental do marxismo em relação a toda outra doutrina. A “ética” marxista é totalmente finalista, como nenhuma ética jamais foi. Não há qualquer restrição em relação aos meios, em relação ao trato das pessoas, sejam outros marxistas, sejam os “não crentes”. Ao firmar a sua “ética” totalmente no suposto “fim da história”, Marx certamente previu que disso resultariam regimes extremamente desumanos, tanto quanto os piores que já haviam existido. Era inevitável, e não escaparia à sua mente. Seria inevitável também o surgimento de “reis divinos”, semelhantes aos da antiguidade. Mas isso talvez não fosse perceptível para Marx.

Resumindo: Centenas de milhões de “crentes” em Marx, crêem não no que ele cria, mas no que ele queria que crescem. São cabeças de aluguel, gente que para obter algum sentido de vida se entregou a uma mentira evidente, dispôs da sua mente, aboliu grande parte da sua própria liberdade de pensamento. Milhões de livros, artigos, entrevistas, lições, são uma loucura em que seus autores consentiram em crer, ou uma mentira que julgaram apropriado contar. São milhões que consentiram em crer no “exoterismo” marxista, e certamente teriam medo de conhecer seu “esoterismo”. Mas o leitor deste blog provavelmente será alguém que não tem medo de perguntar: Qual a doutrina interna do marxismo? Qual sua real natureza? Quais seus reais objetivos? O que pretendem, não o militante de mente alugada, mas os poderosos que dominam tantas mentes?

Alguém poderá dizer: “que abordagem maluca!!!”. Pode ser, mais faz muita coisa se encaixar.



MOTIVOS

Justamente aquele que seria capaz de trair o próprio Mestre por uma ninharia, este mesmo fez o eloqüente discurso em prol dos pobres, naquela ceia em Betânia. Ali, em frente a um homem que ressuscitou dentre os mortos e a outro que foi o autor do milagre, fez um discurso cínico, extremamente fingido, desesperado por conseguir uma grana a mais. Pouco tempo depois ele se tornaria traidor. Talvez não suportasse mais o Mestre, aquele homem poderosíssimo, mas tão pouco prático. Aquele homem que não tinha nem residência e andava sobre animal emprestado, mas que defendia a ação destemperada da irmã de Lázaro, aquela que gastou um perfume importado caríssimo numa cena de devoção.

Materialista, aproveitador do dinheiro dos outros, invejoso e, principalmente, um homem de intenções nada claras. Quem ouvia seus discursos, não entendia suas intenções. Sabia disfarçar uma mente deformada com um discurso em defesa dos pobres. Seus companheiros talvez o admirassem, nunca o entenderam até que suas ações deram o seu fruto de morte. Assim era . . . bom, ambos eram assim, o petralha antigo e o moderno. O antigo, vendeu aos carrascos o Salvador da humanidade. O moderno, causou morte e escravidão entre os povos.

3 comentários:

Zé Costa disse...

Nos mistérios sagrados, a traição de Judas garantiu a SALVAÇÃO aos cristãos. Isso foi um prêmio que não merecíamos, mas é nosso e não adianta alguns tentarem surrupiá-los.

Claro, claro, a salvação tem seus limites e, penso eu, tem selo de procedência. Vale para cristãos com, no mínimo, 500 anos de história! (hehehehe)

João Batista disse...

Essa gente linda está se lixando para a verdade. Trocam de verdade assim como trocam de calcinha. Até ontem a independência do Tibet era um movimento de sabotagem do capitalismo mundial, financiado através da CIA, para atrapalhar o glorioso governo Chinês. Hoje, percebendo que isso é canoa furada, não convence ninguém, que a população ocidental inteira está com os Tibetanos, os comunistas italianos passaram a afirmar que no Tibet temos uma luta de libertação do povo, que é uma questão de autodeterminação do povo, contra a opressão imperialista do capitalismo Chinês!

A China era comunista e merecia nosso respeito e defesa. Agora é capitalista. O Tibet era sabotagem do capitalismo. Agora o capitalismo é que está sabotando o Tibet.

Assim, é impossível definir essa gente pelo seu discurso, que muda a todo o momento, de acordo com a oportunidade da ocasião.

A insanidade e a confusão não deixam de ser bem-vindas aos próprios comunistas: um povo confuso, perdido e cansado de enormes, absurdas e pesadas contradições mas sem os meios de as resolver é um povo submisso ao primeiro mau-conselheiro que venha lhe oferecer uma solução, uma saída - em todos os casos, sempre, o Estado. Assisto hoje na TV Futura, aquela TV Cultura semi-estatal financiada por capitalistas suicidas com peso na consciência (ou mesmo socialistas crentes), uma “aula” de ética com Renato Janine Ribeiro. A “aula” e a ética resumem-se basicamente em votar no PT e submeter-se ao Estado. Ou seja: enquanto Janine ilude e oprime (em pretensão) o povo, prega o estar iluminando e libertando. Aquele projeto que impõe 50% de programação nacional na TV à Cabo e portanto destrói a liberdade e os direitos democráticos é defendido por um deputado petista que não lembro o nome como um projeto democrático e para o bem do povo. Novamente, a opressão passa por liberdade, a perda de direitos por conquista. É a conquista da perda, a liberdade para a escravidão, liberdade da liberdade.

O Estado não sossegará até que converta, ou melhor, reverta a submissão a Deus para si. Invertendo o sentido da liberdade de qualidade daquele que por servo de Deus é livre dos jugos terrenos naquele que por servo do Estado é livre de Deus para a escravidão terrestre.

Aprendiz disse...

Zé Costa.

Quem garantiu a salvação foi o Eterno (em Seu Verbo encarnado). O traço que este evento da eternidade (a salvação) deixou no tempo é detalhe. Se não fosse Judas Iscariotes, seria outro.


João

É espantoso que os povos da Rússia (ao contrário de outros povos de antigos países comunistas) até hoje não conseguem tomar seus destinos em suas próprias mãos. Parece que a canga deforma o pescoço.