sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Respondendo a um amigo II

“...repreende o sábio, e ele te amará.” Provérbios 9:8. Sagradas escrituras


Um amigo perguntou a minha opinião sobre uns filmes a respeito de Apocalípse, acho que baseados em livros de Tim LaHaye. São uma série de filmes, que estão nas locadoras, dos quais eu assisti um. Não gostei muito, mas não é essa a questão que quero discutir. Meu amigo expressou a seguinte opinião: A literatura judaica anterior ao apocalipse continha vários outros livros semelhantes. Era um gênero literário. A conclusão a que ele chegou (com a qual concorda muita gente), é que o livro de Apocalipse não tem a intenção de conter uma profecia sobre a ordem cronologica de acontecimentos futuros, mas é apenas um texto escrito com a intenção de incentivar e consolar cristãos que viviam uma situação de perigo e angustia. Não respondi nada, na hora. Mas pensei sobre o assunto depois, embora não conversado com ele sobre esse assunto novamente, pois esse não é um assunto pra se falar em uma conversa ligeira. Não concordo com a conclusão, por dois motivos:


Quem imitou quem?

Apocalipse parece-se muito com certos trechos dos profetas, principalmente Daniel. Da mesma forma, a literatura “apocalíptica” anterior. A explicação para existir tal literatura não é difícil. Sempre existiram profetas em Israel, em número muito maior do que aqueles que integram nosso Canon. Aqueles cujas profecias não foram preservadas no Canon podem ter tido parte de suas palavras proféticas reais preservadas em livros diversos (como o livro de Enoque), que embora não fossem inspirados, poderiam conter trechos reais de profecias. Ao lado disso, sempre houve uma tradição de falsos profetas em Israel, gente que gostaria de ter o seu nome prestigiado com o “título” de profeta. De qualquer forma, depois disso houve uma ampla tradição de livros cujos autores os atribuiam a patriarcas e profetas, para emprestar maior “autoridade” ao seu conteúdo. A falsa atribuição de autoria foi amplamente usada por seitas marginais, primeiro entre judeus, e depois entre cristãos, para obter aprovação para peculiaridades proféticas e exegéticas, que de outra maneira não obteriam atenção nenhuma do público alvo. Dentro desse ambiente, é muito natural que houvessem livros que procurassem imitar profetas tão sábios e respeitados como Daniel e Ezequiel, com suas imagens proféticas tão vívidas e chamativas.
Mas para quem crê que João teve sobre si o mesmo Espírito de profecia que Daniel, e que teve a mesma missão de prever os tempos numa cronologia ampla, não é estranho que seus escritos parecessem com os trechos proféticos de Daniel.


Não parece uma boa maneira de confortar as pessoas

Comprido, hermético e violento demais. Assim parece Apocalipse. Não é o tipo de literatura que a maioria das pessoas leria com o objetivo de se sentirem confortadas. Para dizer que o Bem vencerá no final, João poderia ter escrito algo mais simples e breve, como por exemplo... algo assim: “o Bem vencerá no final”. Claro que poderia ter alguns floreios, mas algo bastante zen, tranqüilo. Mas alguns supõe que para cumprir esse objetivo ele inventou uma estória comprida, cheia de voltas, com gente morrendo pra todo lado, um monte de figuras bem imaginativas e terríveis, que não querem dizer absolutamente nada (ou significam verdades genéricas e comuns), excitando a imaginação das pessoas, de forma que elas suponham que suas figuras tem algum significado especial. Para mim, não faz sentido algum que tenha sido assim. Faz sentido que João tenha sido um verdadeiro profeta. Faz sentido que tenha sido um velho maluco. Mas não faz sentido um Apocalípse como figura genérica da “luta entre o bem e o mal”.

2 comentários:

Blogildo disse...

Por incrível que pareça o Apocalipse tem uma estrutura bastante lógica. O leitor atento verá 16 visões que "dialogam" com todos os livros canônicos da Bíblia.

Vale ressaltar que o livro é introduzido com "Revelação de Jesus Cristo, que lhe foi confiada por Deus para manifestar aos seus servos o que deve acontecer em breve."

Ou seja, é um livro profético! O breve de Deus deve ser considerado com base na critério divino de tempo.

Aprendiz disse...

Onildo

Nunca tinha estudado as divisões de Apocalípse. Dê mais informações, por favor.