“E havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera.” Gênesis, capítulo 2, versos 2 e 3.
“Lembra-te do dia do sábado para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” Êxodo, capítulo 20: versos 8 a 11 (parte dos Dez Mandamentos).
Tais textos provam que o conceito do sábado é anterior à entrega da Lei à Moisés e que esta é instruída por tal conceito anterior. Mas não provam que:
É aplicável a todos os povos.
Era uma lei, antes de Moisés.
O fato de não estar presente nas ordenações dadas a Noé (Gênesis capítulo 9, até o verso 7) é importante, pois tais ordenações contém preceitos básicos (em parte, não perceptíveis naturalmente) dados a todos os povos. E o próprio concílio de Jerusalém, do qual toda a congregação participou, entendeu unanimemente (pelo Espírito Santo, conforme o texto) que, fora os mandamentos perceptíveis mais diretamente, os gentios que quisessem seguir o Messias deveriam guardar as Leis de Noé. Certamente o sábado não é uma norma auto-compreensível. É impossível alguém, apenas instruído pela própria consciência, descobrir que “deverá abster-se de trabalhar, especificamente das 18:00Hs de sexta às 18:00Hs de sábado” (o que inclui ter o conceito de semana, certamente um conceito não natural). É difícil entender como um mandamento não ordenado explicitamente a todos os povos e não perceptível pela consciência, pode ser universal.
Mas alguém argumentará que o fato de estar incluído nos Dez Mandamentos é indicativo de sua universalidade, visto que todos os outros nove mandamentos são universais. Não penso assim. Fazer parte dos Dez Mandamentos pode indicar importância relativa dentro do Sistema Mosaico, e não universalidade. É natural que muitos dentre os mandamentos mais importantes, dentro do Sistema Mosaico, sejam universais, pois o mesmo acontece em muitos códigos legais, onde há um certo grau de correlação entre universalidade e importância relativa das normas. Na maioria dos códigos legais, os crimes contra a vida e contra o bem estar geral são particularmente importantes, sendo também aplicação de preceitos universais. Um fato digno de nota é que os dois mandamentos mais importantes da Torah (Evangelho segundo Mateus, capítulo 22, versos 34 a 40), pela sua universalidade, dos quais depende a Torah, não se encontram nos Dez Mandamentos, mas entremeados com normas diversas, sem nenhuma indicação formal de sua importância.
Há mais um motivo para considerar o sábado como um preceito eminentemente judaico. A Bíblia é bastante explícita quanto ao fato do sábado ser uma peculiaridade, um sinal entre o Criador e a nação de Israel., que a distingue de todos os outros povos, conforme se lê nos seguintes textos:
Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos santifica. Êxodo 31:13
E também lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles; para que soubessem que eu sou o SENHOR que os santifica. Ezequiel 20:12
E santificai os meus sábados, e servirão de sinal entre mim e vós, para que saibais que eu sou o SENHOR vosso Deus. Ezequiel 20:20
De tudo isso, concluo que a guarda do sábado é um mandamento particular, para os israelitas.
Tendo hoje provado que o sábado é um mandamento particular, pretendo, outro dia, escrever um texto provando sua universalidade, e deixarei a cargo do leitor a tarefa de desfazer este nó.
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