segunda-feira, 28 de abril de 2008

TEMPO

Este é um texto da Ivânia

Ainda não consegui convencê-la a tornar-se uma escritora oficial deste blog, mas surrupiei um texto escrito numa folha solta, digitei-o, e mando aos amigos (com a permissão dela). Ela tem alguns outros, mas ainda não prontos.

O tempo é quase perfeito quando se sabe o que fazer com ele. Porém, às vezes, é o tempo que brinca de fazer da gente personagens anônimos de histórias deixadas para trás, contadas por vovós em cadeiras de balanço, sorrindo, expressando toda a força que tem o tempo em nossas vidas.

Penso que se pudéssemos guardar o tempo em uma caixa de segredos, aberta somente quando quiséssemos, de nada adiantaria, pois ainda estaríamos sob a ação do tempo.

Poiss todo o tempo que temos é aquele no qual estamos fazendo alguma coisa, então quanto mais tempo gastar fazendo alguma coisa, mais tempo eu terei.

MEDINDO O UNIVERSO II

PARALAXE

No primeiro artigo desta série, mostramos que os astrônomos devem necessariamente obter as informações dos objetos de seu estudo através das radiações emitidas diretamente por eles (ou algo próximo ou atrás deles). Queremos dizer sobre aquilo que existe fora do nosso pequeno sistema solar. Os objetos em órbita do sol estão tão próximos (no máximo, algumas horas-luz), que podem ser alcançados diretamente por sondas espaciais, que pela sua grande velocidade, os alcançam em poucos anos, e transmitem uma grande quantidade de informações à Terra.

Falaremos neste artigo sobre a medição direta de distâncias, pelo método da paralaxe. Não é um assunto difícil, pelo contrário, faz parte do cotidiano de toda pessoa que enxerga normalmente, e não entrarei em detalhes matemáticos. O leitor certamente já reparou que ao focar objetos distantes, qualquer objeto próximo que esteja na frente fica com a imagem duplicada. Possivelmente o leitor já reparou que o efeito é tão menos pronunciado quando mais longe estiver este objeto próximo. Colocando um dedo próximo aos olhos e focando algo mais longe, o leitor reparará que ao afasta-lo, a distância entre as imagem duplicadas diminui (mas não de forma constante). Quando o objeto mais próximo está suficientemente longe, a distância entre as duas imagens é tão pequena que já parece uma imagem só. Deve ser evidente ao leitor que o efeito é causado pelo fato de termos dois olhos e não ocorre quando fechamos um deles. Pois bem, este efeito se chama paralaxe, e a distância angular entre as imagens guarda uma relação matemática precisa com a distância do objeto em primeiro plano e com a distância entre os receptores de imagem (nossos olhos). Um sistema óptico qualquer que tenha dois receptores de imagens permite, por tal relação matemática, o cálculo da distancia do objeto em primeiro plano, sendo previamente conhecidos a distância entre os receptores e o ângulo entre as imagens do objeto próximo. É importante que maiores distâncias entre os receptores acarretam maiores (mais mensuráveis) paralaxes. Se meu sistema de medição de distâncias estiver operando no limite de sua capacidade (margem de erro muito próxima da medida do angulo), posso aumenta-la pelo aumento da distância entre os receptores. Se o sistema for computadorizado, melhor ainda, pois poderá fornecer instantaneamente a distância de todos os objetos próximos que aparecem na imagem. Maiores informações sobre o assunto, em forma bastante didática, podem ser encontrados em: http://astro.if.ufrgs.br/dist/ .


HISTÓRIA DA PARALAXE NA ASTRONOMIA

Anteriormente a Galileu, os europeus consideravam a Terra uma esfera fixa no centro do Universo, em torno da qual vários corpos faziam órbitas complexas, cercados por uma superfície dura cravada de luzes, que seriam as estrelas, consideradas “fixas”. Quando Galileu propôs que as “estrelas fixas” não eram tão fixas assim, e que se distribuíam aleatoriamente pelo espaço, e não por uma superfície, seus opositores argumentaram (corretamente) que ele ficava devendo uma explicação para a ausência de paralaxe das estrelas mais próximas, contra o fundo das mais distantes. Galileu argumentou que as distâncias das mais próximas eram tão grandes que impediam a medição dos ângulos de suas paralaxes (com o instrumental da época). Hoje sabemos que sua explicação é correta, mas na época, a idéia de distâncias assim tão grandes deve ter parecido irreal a todos (inclusive a Galileu). Qual a máxima distância para a qual a paralaxe é mensurável? Para responder tal pergunta, é preciso saber qual a máxima distância entre os receptores. Séculos atrás, os astrônomos já haviam percebido que a máxima distância entre seus telescópios era de aproximadamente 300 milhões de quilômetros (diâmetro da órbita da terra, para o qual se obtém a chamada paralaxe heliocêntrica, cuja segunda medição só pode ser realizada, é claro, depois decorridos seis meses, quando a terra está à máxima distancia da sua posição na primeira medição). A primeira medição correta de paralaxe estelar foi a da estrela 61 Cygni, feita por Bessel, no século 19. Hoje somos capazes de medir, com boa precisão, a distância de estrelas a até algumas centenas de anos-luz da terra, que apresentam paralaxes na ordem de milisegundos de grau. Considerando que cada ano-luz corresponde a aproximadamente 9,46 trilhões de quilômetros, isto pode parecer bastante, mas é uma pequena fração do diâmetro de nossa galáxia, a Via-Láctea, de mais de 80.000 anos-luz. O leitor deve estar se perguntando como se medem distâncias de objetos que não apresentam paralaxe mensurável. Não se medem, estimam-se, e é isto que veremos no próximo artigo da série

A NAVALHA DE OCCAM

Um dos princípios básicos do método científico é a chamada Navalha de Occam, um critério, proposto explicitamente pela primeira vez, ao que se saiba, pelo pensador escolástico William de Occam (ou Ockham). Originalmente, consiste em evitar premissas não demonstráveis que não sejam estritamente necessárias à explicação de determinado fenômeno. Numa formulação mais geral, manda preferir sempre a explicação ou descrição mais simples possível para qualquer fenômeno. Por conta de tal critério, mesmo antes dele ser explicitado, a Terra foi considerada esférica quando se descobriu que ela se curvava para todos os lados (embora outras formas curvas mais complexas pudessem ser consideradas). Na verdade, um elipsóide de revolução é uma aproximação mais correta do formato da Terra do que uma esfera. Na astronomia, julgava-se verídica a interpretação mais simples do movimento aparente do sol, isto é, que ele gira em torno da Terra e posteriormente, as órbitas dos planetas foram consideradas circulares, uma forma mais simples que a elipse. Finalmente, desde Newton até o início do século XX, a simplicidade da física clássica era considerada a perfeita descrição da matéria e energia, mas então, por conta de incongruências entre teoria e fenômeno, vieram a física quântica, revisitando a questão da continuidade do espaço, e a física relativística, revisitando a questão da sua regularidade e trazendo uma nova visão sobre a natureza do tempo.

Mas antes de ser um critério das ciências naturais, a Navalha de Occam já era um critério do bom senso. Ao procurar uma coisa, busca-se primeiro nos lugares mais acessíveis, ao tentar descobrir o defeito de algo, começa-se com as possibilidades mais simples. Um outro motivo para se começar pelo mais simples, é que numa busca indexada, é mais fácil guardar a memória do que já se tentou, quando já se tentaram as coisa óbvias, rápidas e fáceis. É um critério de economia de tempo e trabalho, e portanto, de dinheiro. Mas, diferentemente do que alguns leigos supõem, não é um critério de veracidade. Nos quatro casos acima, a explicação mais simples não era a mais correta, e freqüentemente é assim que acontece, Mas, por terem adotado a explicação mais simples, os estudiosos do assunto contribuíram para que, posteriormente, uma explicação mais correta fosse encontrada, visto que a percepção das discrepâncias, da realidade em relação à teoria, se tornou mais fácil. O poder de economizar trabalho e tempo, aliado à sedução mental que uma explicação simples e completa traz, fazem com que, até mesmo quando são percebidas tais discrepâncias, muitas vezes elas sejam tomadas como irrelevantes, sinais de algum outro fenômeno paralelo, que não afetam realmente o cerne da teoria.

Mas o bom senso da Navalha de Occam, e outros critérios do método científico, se aplicam tão bem a toda a vida humana, como se aplicam ao estudo científico? Na verdade, o método científico em geral, e a Navalha de Occam em particular, não garantem nem que a tese adotada seja a mais provável, nem se trata disto. O critério de Occam revelou-se útil para a construção a longo prazo de um certo tipo de conhecimento (o das ciências naturais), o que não precisa ser igual à maior probabilidade de acerto imediato de um cientista em particular. Participar de um projeto de construção de conhecimento a longo prazo nos leva às mesmas opções que a busca de uma solução que deve ter um número limitado de tentativas? Quando uma busca tem necessariamente de ser limitada, você seguiria a mesma ordem que numa busca indexada para fins científicos? E se você tiver uma chance só? Você tentaria um tratamento que tem 80% de chance de mata-lo, caso ele fosse a única alternativa a uma morte certa e rápida por uma doença fulminante? Você creria numa explicação mais complexa para um fato não acessível à verificação (e sobre o qual precisasse tomar uma decisão), se esta fosse a que parecesse mais verossímil? Você deixaria que uma impressão indefinida influenciasse a sua escolha de um subordinado, ou de um sócio? Muitos cientistas fariam estas coisas, embora não haja nisso nada de método científico.

A vida não é vivida pelo chamado método científico, nem pode se-la. Quem está vivo, está por ter seguido seus instintos muitas vezes, desde antes de nascer. Muitas vezes você tomou a decisão correta por intuição, ou por algum impulso inexplicável, ou por pensamento analógico absolutamente não confiável, ou pelo uso da dialética, as vezes de forma bastante incompleta, ou por deduções que podem ser bastante lógicas, mas não são nada científicas, pois você não teria meios de verifica-las. Às vezes, você simplesmente “sentiu” que algo iria falhar (ou dar certo). O ser humano está neste mundo desde muito antes da criação do método científico, e teve muito sucesso sem ele, um instrumento recente do pensamento (baseado em princípios antigos), que veio se juntar a muitos outros instrumentos de nossa mente (e espírito).

domingo, 27 de abril de 2008

DESCULPAS

Peço desculpas a todos os amigos frequentadores deste blog. Tenho postado pouco e respondido pouco aos comentários (alguns tem ficado tempo demais esperando pela moderação). Ultimamente, entro pouco nos blogs dos colegas, e dificilmente deixo comentários. Não vou prometer melhorar, pois isso não vai mudar antes de um mês ou dois. Mas tenho a firme intenção de aumentar a minha atividade "blogística" depois de passada essa fase.

domingo, 20 de abril de 2008

O QUE É O SER HUMANO?

A discussão sobre o uso de embriões em pesquisas de células tronco renovou a antiga questão da essência do ser humano. Mesmo um católico praticante como Reinaldo de Azevedo dobrou-se ao argumento usado pelos partidários do sim. Não poderia ser de outra forma, pois a tradição católica, firmemente fundada na filosofia grega, vê a essência do homem na razão. Dentro dessa visão, a ausência de tecido nervoso seria suficiente para descaracterizar o embrião em formação como um ser humano. Talvez o leitor habitual deste blog já tenha percebido que prefiro ver os verdadeiros fundamentos da fé cristã na tradição teológica judaica, como na verdade é. Isto me dá um pouco mais de distanciamento da visão grega, e a possibilidade de questionar leituras exageradamente gregas da Bíblia.

Há uma antiga discussão teológica cristã entre os que crêem na dicotomia (homem composto de corpo e alma) e aqueles que crêem na tricotomia (homem composto de corpo, alma e espírito). Antes que surja algum chato dizendo “creio no homem integral”, digo que qualquer pessoa razoável sabe que o homem funciona como um todo, e que tudo que afeta parte do homem afeta (potencialmente) sua inteireza. Mas o leitor há de convir que, se o homem é integral, o corpo humano é integral. Mas quem estuda o corpo humano separa esse corpo que funciona por inteiro em uma infinidade de partes, para melhor compreende-lo, e não creio que o leitor confiaria em um médico que não soubesse distinguir o coração do fígado.

Mas voltando ao assunto, desde os primórdios da história cristã há essa discussão, com alguns entendendo que há diferença entre alma e espírito e outros igualando-os (e há outros ainda que identificam o espírito com parte daquilo que chamamos psiquê, separando emoções e razão). Eu particularmente sou tricotomista, como a maioria dos petencostais. Como cheguei a essa posição? Pela compreensão lógica de que a fé cristã o exige e por pensar a respeito dos textos bíblicos que se referem ao assunto. É claro que muita gente muito mais inteligente e instruída que esse leigo aqui discordará de mim (aceito correções onde me mostrarem erro). E muita gente tão inteligente e instruída como esses, concordará comigo. Vou colocar inicialmente alguns textos bíblicos que tocam o assunto e expressar minha compreensão sobre o sentido de espirito no NT (Almeida revista e atualizada, para quem quiser conferir).



E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?

Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” (Evangelho segundo João, Capítulo 3, até o verso 21).

Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens.” (Mateus 12:31).

Disse-lhes ele: Como é então que Davi, em espírito, lhe chama Senhor, dizendo:” (Mateus 22:43).

Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. (Mateus 26:41).

E, logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que como pomba descia sobre ele.” (Marcos 1:10)

Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.” (Romanos 8: 5 e 6)

Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” (Romanos 8:9).

A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;” (1ª aos Coríntios 2:4).

Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” (1ª aos Coríntios 2:10 a 14).

Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, em nome de nosso SENHOR Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do SENHOR Jesus.” (1ª aos Coríntios 5:3 a 5).

Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento “ (1ª aos Coríntios 14:14 e 15).

Folgo, porém, com a vinda de Estéfanas, de Fortunato e de Acaico; porque estes supriram o que da vossa parte me faltava. 18 Porque recrearam o meu espírito e o vosso. Reconhecei, pois, aos tais.” (1ª aos Coríntios 16:17 e 18).

'Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica. E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória, como não será de maior glória o ministério do Espírito? Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça.” (2ª aos Coríntios 3:5 a 9).

'Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (2ª aos Coríntios 3:17 e 18).

'Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hebreus 4:12).

Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2:26).

E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo.” (1ª aos Tessalonicenses 5:23).



DEFESA DA TRICOTOMIA

A palavra grega normalmente traduzida por espírito (em suas diversas acepções) é pneuma (vento, ar). E alma normalmente traduz a palavra psiquê. Cremos que traduzem conceitos diferentes, e como a maioria dos petencostais, começarei a defesa da hipótese tricotomista pelo texto de 1ª Tessalonicenses 5:23, visto acima, que leva, prima facie, à distinção entre alma e espírito, como dois entes distintos. Um dicotomista poderá argumentar com sucesso que a citação da distinção entre corpo, alma e espírito é feita de passagem, sem maiores explicações, podendo ser apenas uma figura da totalidade do homem. Respondo que o argumento é bom e, caso não haja outros textos a confirmar essa impressão, deveremos considerar a hipótese infundada. Bom, logo encontramos Hebreus 4:12, que novamente distingue espírito e alma, e dá a clara impressão de que são elementos que precisam ser diferenciadas pelo crente.

Mas vejamos a forma como a Bíblia trata o Espírito divino. É dito que Deus é Espírito (e NÃO é dito que é alma). A interpretação mais óbvia de “Deus é Espírito”, parece ser que Deus é essencialmente Espírito. Mais ainda, é dito que o pecado contra o Espírito Santo ( a “Ruach“) é sem perdão (eternamente) em oposição ao pecado contra o Pai o contra o seu Filho (Sua palavra encarnada). Isto é espantoso, e confirma na minha convicção a percepção de que Deus é essencialmente Espírito. Também é dito da Ruach que ela é livre. Nela há tal liberdade que ele é imprevisível como o vento, conforme Yeshua explicou a Nicodemos (Evangelho segundo João, capítulo 3).

Falei sobre o Espírito divino por que a Bíblia o compara ao espírito humano, (1ª carta aos Coríntios, capítulo 2). Um ponto que me chama a atenção é que ninguém considera o seu próprio espírito como outra pessoa diferente de si mesmo, embora seja certo atribuir pessoalidade ao espírito humano. Da mesma forma, é estranho considerar o Espírito Santo como outro em relação ao Pai (ou ao Filho), embora se possa atribuir pessoalidade a cada um deles, sem prejuízo de se atribuir pessoalidade a Deus que é um. Mas, voltando ao assunto, é atribuída ao espírito humano a capacidade de saber todas as coisas a respeito do próprio homem. Seria o espírito igual à compreensão humana (intelecção)? De modo algum, pois em 1 aos Coríntios, capítulo 14, o apóstolo Paulo opõe claramente o espírito ao entendimento, e recomenda que se ore com ambos!! Então seria, o espírito humano, a capacidade de sentir, as emoções humanas? Não posso crer nisso, pois a Bíblia associa as paixões humanas à carne, em oposição ao espírito. Mas talvez sejam apenas os sentimentos superiores, aqueles que nos elevam? Estranha conclusão esta, parte do sentir humano seria “carne” e parte “espirito”. Esta conclusão se sustenta? Não creio. Freqüento a igreja cristã há muitos anos e já vi pessoas de vida totalmente desregrada ou personalidade doentia mudarem totalmente após crerem no Cristo. Mas pessoas de personalidade equilibrada pouco mudam, em termos de “bons sentimentos” ao crerem no Cristo. Simplesmente não se pode perceber qualquer diferença marcante, em termos de sentimentos, entre um bom seguidor de Cristo e uma pessoa boa qualquer. Tomando duas pessoas quaisquer, e personalidade passavelmente equilibrada, uma crente e outra não, a personalidade de ambas parecem igualmente completas.

Mas deixemos de procurar o espírito humano, naquilo que dizem ser a personalidade humana, e passemos a ler com menos preconceitos o que a Bíblia diz sobre ele. O espírito tem percepção? Que é a fé, senão uma percepção espiritual? O espírito tem sentimentos? Não se alegrou Paulo em espírito? O espírito tem conhecimento e inteligência? É claro que sim, pois a Bíblia afirma que o Espirito Santo testifica com o NOSSO espirito que somos filhos do Eterno, e que nós discernimos espiritualmente todas as coisas. Na mesma ocasião em que Jesus ensinou Nicodemos, a respeito da liberdade do Espírito do Santo de Israel, disse também que aquele que é nascido do Espírito adquire esta mesma liberdade. Isto faz pensar se não é por isso que a Bíblia declara aos homens “sois deuses”, e também se não é por isso que o Pai julgou conveniente que seu filho morresse para que fôssemos um com ele. Fazer com que existam seres com tal liberdade, isso parece um projeto digno do esforço divino.

O que o apóstolo Paulo escreveu na 1ª carta aos Coríntios, capítulo 5 (versos 3 a 5), dá a nítida impressão de que o espírito humano pode ser capaz de atuar no mundo espiritual, causando mudanças reais sobre a vida das pessoas. Alguém poderá dizer que “estar presente em espírito” é apenas uma figura de linguagem. Um episódio interessante para esclarecer tal questão, é o narrado no 2º Livro dos Reis, capítulo 5. Ninguém poderá supor aí alguma figura de linguagem quando o profeta Eliseu pergunta a Geazi “porventura não foi contigo o meu espirito?”.

As palavras alma e espírito não são intercambiáveis na Bíblia. Se referissem ao mesmo objeto, deveriam existir o adjetivo “almico” (pu psíquico) e o advérbio “almicamente” (ou psiquicamente), usados de forma indiferenciável de “espiritual” e “espiritualmente” (o substantivo “psiquê”, derivado da palavra grega traduzida por alma, forma o adjetivo “psíquico” e o advérbio “psiquicamente”). Mas as coisas relativas ao espírito, nunca são “psíquicas”, sempre são “espirituais”e o adverbio correspondente é sempre “espiritualmente”, nunca “psiquicamente”. Ao espírito recriado do homem, são atribuídas capacidades que nunca poderiam ser atribuídas à mente humana, como discernir tudo sem ser discernido por ninguém. Mais ainda, como explicar as capacidades de conhecimento prévio e conhecimento a distância, de muitas pessoas, erradamente chamados de capacidades psíquicas pelos espíritas? Não são processos para os quais se conheçam quaisquer explicações físicas, e atribui-los à mente humana (um processo físico do cérebro) não deixa-nos mais próximos de uma explicação razoável. As pessoas chamadas espirituais não são necessariamente as mais inteligentes, nem as de sentimentos mais intensos, nem as de vontade mais férrea, sendo a inteligencia, sentimentos e vontade as principais funções que atribuímos à psiquê humana. Pelo contrário, as pessoas verdadeiramente espirituais são aquelas com maior discernimento de uma realidade paralela e anterior à nossa, que é a realidade dos seres espirituais . Finalmente, caso acreditássemos que o espírito humano é outro nome para a personalidade humana, então o que seria a “carne”, que necessariamente é algo dentro da nossa personalidade?

Caso acreditássemos que o espirito humano é simplesmente outro nome para a personalidade humana, ou de parte dela, teríamos de crer que um evento tão fortuito como um ferimento na cabeça tem poder sobre o espírito, pois as ciências biológicas mostram à exaustão que a personalidade humana é gravemente afetada pelo estado de saúde, traumas físicos ou mentais e substâncias químicas diversas. A se crer na igualdade entre psiquê e espírito, devemos concluir que o espirito é um processo físico, pois os processos de nossa mente (pensamentos, emoções e vontade) acontecem fisicamente. Da mesma forma, quem crê que a capacidade de raciocínio é que define a humanidade de um ser, deveria concluir que uma pessoa com uma doença grave, cuja mente funciona de forma bastante limitada, se tornou bastante menos humana (por igual raciocínio, crianças e velhos seriam menos humanos que jovens e adultos). Dentro deste tipo de raciocínio, teríamos de admitir como aceitáveis as práticas dos nazistas, que consideravam as pessoas com debilidade mental como descartáveis.

No mesmo sentido, a diferença entre o ser humano e os animais (ou alguma máquina extremamente avançada que venha a existir) não é tão marcante assim, se considerarmos apenas os processos mentais. Alguns animais superiores são inteligentes, capazes de linguagem, apego sentimental e de aprendizagem. O único processo mental marcante que lhes é impossível é o pensamento simbólico avançado. Será apenas isso o suficiente para distinguir o ser humano dos animais superiores? Será isso o suficiente para considerar o ser humano como responsável moralmente por seus atos, e os animais como totalmente irresponsáveis? Será isso o suficiente para o homem (qualquer ser humano, em qualquer situação) como tenha uma alma imortal, em diferenciação de todos os animais, mesmo os mais inteligentes e sensíveis?

Mas se os processos mentais ocorrem fisicamente, cessam na morte, e diminuem perto da morte. É claramente incoerente crer que tudo que há numa pessoa são processos mentais e crer na imortalidade da alma e na sacralidade da vida humana. Mas se existe algo não físico (nem matéria, nem energia, mas algo de existência mais fundamental) e incognoscível (pois não faz parte deste “universo” físico) no homem, pode fazer sentido o porque de sua vida ser sagrada e como sua psiquê sobrevive à morte do corpo. Na primeira carta aos coríntios, lemos “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está?”. O espírito humano, que é imortal por natureza, e que conhece tudo sobre a alma (processos mentais que ocorrem na mente), retém a personalidade (alma) humana para além da morte. Também usando tal conceito, podemos entender o que é a morte, definida por Tiago como a separação entre espirito e corpo. Isso explica também como podem existir outros espíritos que jamais tiveram corpo físico. Talvez seja mais que uma coincidência que só tais seres, que não deixam de existir pela cessação dos processo físicos, é que respondem moralmente por seus atos.

Mas essa diferenciação entre mente e espirito seria mais difícil para os gregos antigos, que não tinham como saber sobre o fundamento físico dos processos mentais Mas a Bíblia, sendo um livro revelado, contém essa diferenciação embutida nos seus textos, os quais jamais confundem essas duas coisas que, apesar de funcionarem de forma tão conjunta, são distintas.

Esta é uma explicação bastante resumida e incompleta, e talvez um pouco desorganizada ainda, dos motivos por que vejo a mente (alma) como um nível intermediário entre o espírito humano e o corpo, influenciada por ambos. Isto faz do homem um ser único, que vive ao mesmo tempo duas realidades.


Continuo outro dia.

MEDINDO O UNIVERSO I

Talvez o leitor já tenha se perguntado sobre como os astrônomos medem as distancias entre estrelas, galáxias, suas dimensões e até mesmo o universo. Considerando que são medidas de coisas que não estão acessíveis diretamente aos cientistas, o leitor deve estar imaginando alguma forma de medida à distância através da luz visível e outras ondas. Alguém sugerirá ondas de rádio, microondas, ultravioleta, raios-x, raios-gama, etc, que são todas ondas eletromagnéticas, como a luz, sendo diferentes apenas na freqüência. Os físicos costumam chamar de luz, a todas as ondas que tem a mesma natureza que ela (as ondas eletromagnéticas) e chamam de “luz visível” a estreita faixa de freqüências que são captáveis pelo olho humano, um aparelho receptor de ondas eletromagnéticas (antena) bastantes limitado, até porque extremamente pequeno (em captação de ondas, tamanho é documento).

Se o leitor está pensando em alguma espécie de radar, esqueça, não será útil na astronomia. O radar envia ondas, que são refletidas de volta e captadas por um receptor. Conhecido o tempo de retorno e a velocidade da onda, é fácil calcular a distância do objeto, e normalmente os sistemas de radar contém módulos eletrônicos que apresentam essa informação de forma gráfica, para rápida apreensão do operador. Outra informação que pode ser obtida diretamente da onda refletida é a velocidade (apenas na direção da linha imaginária que passa pelo radar e pelo objeto investigado), tanto de afastamento como de aproximação, informação obtida pela variação da freqüência (efeito dopler). O problema com o uso do radar na medição de distâncias e velocidades astronômicas é a distância excessiva. Dentro do sistema solar, as distâncias são da ordem de minutos-luz a horas-luz, isto é a luz (e as ondas de rádio), à velocidade de aproximadamente 300.000km/segundo, demora de alguns minutos a algumas horas para atingir qualquer um dos outros planetas. Quanto às estrelas, as mais próximas estão a alguns anos-luz de distância e a imensa maioria (dentro de nossa galáxia) está a muitos milhares de anos-luz (com exceção do sol, que está apenas a pouco mais de 8 minutos-luz). Ninguém imagina que os astrônomos utilizarão radares que só fornecerão informações muitos (geralmente milhares) de anos depois de começarem a operar. Mas o tempo de retorno não é o único problema. Se uma fonte de ondas emite igualmente em todas as direções, a potencia (energia/tempo), que atravessa uma determinada área, decairá de acordo com o quadrado da distância (distância x distância). Se a distância entre o radar e o objeto investigado for muito grande, este receberá uma fração infinitesimal da energia emitida, e o receptor do radar receberá uma fração infinitesimal desta fração infinitesimal. O leitor já pode perceber que não podemos nem sonhar em controlar fontes de energia tão potentes a ponto de construirmos radares capazes de medir distâncias interestelares. Para se ter uma idéia, estrelas anãs-marrons não podem ser observadas diretamente, por sua excessiva fraqueza de emissão, mesmo as mais próximas. Entretanto, elas próprias emitem uma quantidade de energia imensamente maior do que tudo que a humanidade poderia sonhar em dominar. E mesmo que dispuséssemos (em uma hipótese absurda) de fontes de energia tão fortes a ponto de obter um reflexo captável de um objeto frio a distância estelares, isto em nada adiantaria no que tange às estrelas, que emitem quantidades imensas de energia em toda faixa de freqüências, ocultando qualquer energia que refletisse nelas.

Mas, espere aí! Muitos objetos estudados pelos astrônomos emitem energia com potencia suficiente para ser captada por nós, ou influenciam de alguma forma algum objeto que emite energia, ou interfere de alguma forma na transmissão dessa energia até nós. Portanto, não precisamos emitir energia até eles, para captar o reflexo, basta captar a energia que eles próprios transmitem. Mas será que essa energia trás toda a informação que obteríamos por meio de um radar? Há três informações principais que podem ser obtidas direta ou indiretamente. Distância, velocidade e características do objeto. Veremos mais sobre isto num artigo próximo.

domingo, 13 de abril de 2008

CULTO AO CRIADOR

Quando Yeshua (Jesus) conversou com a mulher samaritana, esta lhe questionou a respeito do local onde se deveria prestar culto ao Eterno, visto que os judeus o faziam em Jerusalém e os samaritanos em Samaria. Historicamente, quem estavam certos eram os judeus. Todo o povo de Israel, na época do reino unido, ia a Jerusalém para adorar ao Criador dos céus e da terra. Quando houve a secessão, Jeroboão, rei do norte (Israel), temendo a reunião de Israel e Judá, inventou um outro culto, com imagens de bois, para evitar a ida das tribos do norte para Jerusalém, três vezes ao ano. Foi uma desgraça para o próprio Jeroboão pois, como profetizou Aías, por causa disso morreriam todos os seus filhos. Efetivamente seu filho assumiu o reino após a sua morte, mas uma revolta interna causou a morte de toda a família, vindo o reino a ser governado por outros. Séculos mais tarde, depois da deportação das tribos norte-israelitas para a Assíria, muitas pessoas de outros países foram trazidas e se misturaram aos israelitas que haviam sobrado (essa era uma prática comum dos reis assírios, para manutenção do poder imperial). Este povo mestiço eram os samaritanos da época de Yeshua, que já haviam abandonado os outros deuses e seguiam uma Torah (pentateuco) um pouco alterada e não conheciam os Escritos e os Profetas da Tanach.

Mas Yeshua deixou de lado essa discussão e usou a pergunta como um gancho para trazer à luz a cessação do culto nacional em Jerusalém. Como profeta, ele previu o fim do templo, e previu também que os verdadeiros adoradores adorariam ao Pai em espírito e em verdade. Ao falar de verdadeiros, deixou implícito que haviam falsos. Isto é conseqüência inevitável de uma religião nacional, em que, por motivos sociais, todos adoram, mesmo aqueles que não tem o coração preparado. O que o Messias de Israel previu foi que os verdadeiros adoradores, em todo lugar, libertados das amarras de servidão de suas religiões nacionais, poderiam adorar ao Criador, unindo-se aos verdadeiros adoradores que já existiam entre judeus e samaritanos. Milhões de almas que buscavam o Criador, seriam libertas para se expressarem, deixando de lado os príncipes dos ares e os espíritos.

O texto dá a impressão de uma oposição entre a religião nacional dos judeus e samaritanos e o verdadeiro culto a Deus. Mas isto é verdade apenas como recurso discursivo. O derramamento do espírito dentro dos corações dos adoradores, conforme previsto pelos profetas e agora por Jesus, tornaria-os diferentes dos antigos, em certa medida, mas os verdadeiros adoradores entre eles já adoravam verdadeiramente, conforme nos mostram os Salmos, escritos por diversos adoradores antigos, trazendo a alma diante do Criador. Verdadeiros adoradores sempre adoraram, desde de Abel, o justo e o culto nacional judeu ou samaritano não os impedia, pelo contrário lhes dava ambiente propício.



RELIGIÕES NACIONAL, COMUNITÁRIA, FAMILIAR E PESSOAL



O culto YHWH (muitos pronunciam Jeová, mas essa pronúncia é recente), por parte dos judeus, era um culto nacional, instituído por Moisés, embora os patriarcas já o conhecessem. Moisés deu ao povo a Torah (Ensino) que nós, cristãos, muitas vezes entendemos erradamente como apenas um conjunto de regras (a Lei). Os antigos judeus não entendiam assim, mas viam nos mandamentos um caminho de aprendizado das coisas, tanto naturais como espirituais, uma janela para um pouco da compreensão divina do mundo e um caminho de intimidade com o seu Criador. O salmista assim entendia:

Tenho visto que toda perfeição tem seu limite; mas o teu mandamento é ilimitado. Quanto amo a dua Lei! É a minha meditação, todo o dia! Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho comigo. Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos. Sou mais prudente que os idosos, porque guardo os teus preceitos. De todo mau caminho desvio os pés, para observar a tua palavra. Não me aparto dos teus juízos, pois tu me ensinas. Quão doces são as tuas palavra ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca. Por meio dos teus preceitos consigo entendimento, por isso, detesto todo caminho de falsidade. Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos. Jurei e confirmei o juramento de guardar os teus retos juízos” Salmos 119, versos 96 a 106.

Espantoso o amor desses antigos à Torah; ou pelo menos parecerá espantoso àqueles que julgam que ela é um fardo pesado e não compreendem seu sentido mais profundo.

Mas que ensinam os mandamentos de Deus (613, segundo a contagem dos rabinos)? Não entrarei aqui nos significados mais ocultos, mas falarei apenas do sentido mais óbvio: a maioria deles está ligado aos ministérios levítico e sacerdotal. Do restante, vários são sobre questões eminentemente éticas, outros sobre as festas nacionais judaicas, fazem ordenamento dos direitos diversos na sociedade, ensinam a maneira correta de realizar o culto a Deus, cuidam da higiene, saúde, alimentação, etc. Claro está que foram planejados para um país teocrático, com uma religião nacional e governo alinhado com esta religião.

Não é possível que a Torah fosse aplicável, da MESMA FORMA que era aplicável ao povo de Israel, em momento algum da história, a qualquer outro povo. Embora haja nela ensinamentos gerais, e até mesmo universais, nunca foi uma NORMA geral para todos os povos, porque não foi planejada para ser. Numa versão diferente, os judeus criaram, a partir do fim do segundo Templo, um novo judaísmo, não mais uma religião nacional, mas uma religião comunitária, restringindo muitas das leis, não mais aplicáveis no seu sentido explicito, apenas aos seus sentidos mais profundos. Restringindo ainda mais a aplicação da Torah, apenas aos seus sentidos ético, espiritual, e profético, o apóstolo dos gentios, Paulo, tornou-a ensinável a todos os povos. Uma Torah de bolso, um culto ao criador que poderia ser prestado por qualquer pessoa, mesmo que todos ao seu redor não quisessem participar da adoração, ou mesmo sob perseguição. Esta religião portátil pode ser praticada até dentro de regimes tão fechados como os comunistas. Até na Albânia do tempo dos ditadores loucos, até na Coréia do Norte atual. O culto pessoal, previsto por Yeshua, que une todos os verdadeiros adoradores.

NOTÍCIAS

Só há uma forma de eu não me irritar ao ler alguma notícia sobre ciência ou tecnologia nos jornais (ou pior ainda, ouvi-la nos telejornais). É desconhecer por completo o assunto. É sério, os jornalistas escrevem sobre o que não entendem, nem tem a intenção de entender.. Não estou sugerindo que eles errem alguma coisa de vez em quando, estou dizendo que dizem bobagens de forma aloprada, invertem o sentido de tudo, descrevem o assunto como se fossem crianças de dez anos. E muitos fazem a mesma coisa quando o assunto é história, teologia, política internacional..... Em ciência, não tem noção nem da ordem de grandeza das coisas. Em história, ignoram o que é conhecido por evidências, e crêem apenas na realidade das interpretações. Ignoram a realidade dos povos, nada sabem sobre os protagonistas dos fatos da política internacional e não tem a menor idéia do que ensinam as teologias. Eu pensava que fossem capazes de escrever de forma relevante apenas sobre política doméstica e esporte. Após ler Olavo de Carvalho e Reinaldo de Azevedo, descobri que noventa por cento do que pensava saber sobre a política brasileira, pela leitura de jornais, é simplesmente estória da carochinha. E desinteressei-me pelos esportes, antes que eu tenha uma outra grande decepção. Hoje confiro sempre alguns blogueiros, para saber outras versões dos “fatos” noticiados na imprensa.

domingo, 6 de abril de 2008

IGREJAS EM CÉLUAS

Há conceitos diametralmente opostos referidos como "igrejas nas casas". Um deles liberta. Outro, torna a hierarquia um instrumento de controle (possivelmente de uma futura ditadura).


http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?Id=1373

Se você quer saber qual o melhor caminho para a Igreja, pense: A igreja nas casas, na China, liberta os cristãos do julgo do estado totalitário. O modelo proposto no ocidente, pode se converter num caminho de escravidão das igrejas ao estado-baba (totalitário, por conseqüência) que se busca implantar.

Segundo vejo, o problema do nosso sistema de igrejas nas casas, é que não é caseiro o suficiente.